Henry David Thoreau ⋅ Caminhada (1861)


"Quero dizer algumas palavras em nome da Natureza, da liberdade absoluta e do estado selvagem, por contraste com a liberdade e a cultura meramente civilizadas, com o intuito de ver no homem um habitante, uma parte ou uma parcela da Natureza, e não um mero membro da sociedade.


© Andrey Sokolov 'Spikelets'


(...)


Porque será tão difícil por vezes determinar um percurso a seguir? Creio que a natureza encarar um subtil magnetismo que, se inconscientemente nos rendermos a ele, dará um rumo aos nossos passos. Não nos é indiferente a direcção que seguimos. Existe um caminho certo; mas somos demasiados propensos, por estupidez ou distracção, a seguir o caminho errado. De bom grado seguiríamos um caminho que nunca antes percorrêramos neste mundo, um perfeito símbolo do percurso que nos aprazeria percorrer num mundo ideal e interior; e, por vezes, é-nos sem dúvida difícil escolher um rumo, uma vez que ainda não temos dele uma noção clara.


(...)


A ignorância do homem por vezes não é só útil, mas bela, ao passo que os seus pretensos conhecimentos são geralmente piores do que os inúteis (...). Com que homem preferimos lidar: com aquele que nada sabe sobre um assunto e, algo extremamente raro, sabe que nada sabe, ou com aquele que sabe alguma coisa sobre dado assunto, mas julga que sabe tudo?
A minha ânsia de conhecimento é intermitente, mas a minha sofreguidão por banhar a cabeça em atmosferas que os meus pés desconhecem é perene e constante. A coisa mais elevada a que podemos aspirar não é o Conhecimento, mas a Compreensão pela Inteligência."



*